domingo, 1 de março de 2015

Ressonância 63º

Capitulo Sessenta e Três

A Nova Missão

  O clima na biblioteca continuava o mesmo. Samira e Laura arrumavam toda a área direita do comodo. Trevor e Lukas estavam responsáveis pelo lado esquerdo, e Diego tinha que arrumar as mesas de estudos. 
  Trevor já havia saído, deixando toda a sua parte arrumada. Lukas mantinha o silencio, perdido em seus pensamentos. Diego estava entediado e tentava puxar assuntos com Lukas, cujo únicas respostas eram ''sim'', ''não'' e ''não sei''. 
  Já as meninas não paravam de conversar e rir, mantendo o tom baixo da conversa. Para elas estava sendo uma diversão aquilo. 
  Lukas arrumava um pilha de livros quando algo chamou sua atenção. Não era um livro muito grosso, mas era um dos maiores que já tinha visto. Alguma coisa nele atraia o garoto. Tinha uma capa simples em um tom avermelhado, com um contorno dourado. Não havia titulo, nada escrito na capa ou contra capa. 
  Ao abrir em uma pagina aleatória, encontrou o que mais queria naquele momento. Era o livro que precisava.
  Diego estava na metade do caminho, e já não aguentava mais, queria se queixar, mas não tinha para quem fazer isso. Pegou os dois livros que estavam na mesa e colocaram dentro do carrinho que Cássia tinha dado a ele para levar toda aquela pilha.
  Com o canto dos olhos, viu um vulto passando a toda velocidade. Lukas correu passando pelo balcão onde Agatha e Cássia catalogavam novos livros. 
  - Estou pegando esse aqui! - Disse o garoto sem parar. 
  - Está bem. - Disse Cassia, sem nem mesmo olhar para o Lukas.
  A mulher simplesmente anotou em um bloco de papel o nome e o livro.
  - Ele vai embora e deixa a gente cuidado de todos os livros - disse Diego - Primeiro Trevor e agora ele, você podiam pelo menos...
  Ele viu a parte de Lukas. Tudo arrumado. A ala esquerda estava em perfeitas condições.
 - Como é que eles fazem isso? - Gritou Diego.
  Outro livro voou em sua cabeça. 
  - Dá pra parar de gritar Diego - Disse Samira. 
***
  Lukas passou tanto tempo lendo aquele livro que acabou dormindo com ele. Acordou com o barulho do sinal. Tinha aula naquela manha. Demorou para levantar, e acabou adormecendo novamente. Foi acordado pela segunda vez, dessa vez por Max.
  - Acorda - Dizia ele chacoalhando Lukas - Você vai se atrasar.
  Lukas respondeu alguma coisa que não dava para intender.

  Samira acordou disposta. Passou todo o tempo na biblioteca, mas acabou sua obrigação cedo, dando tempo de jantar e dormir na hora apropriada. 
  Tomou um bom banho e saiu do quarto.
  O vento gelado bateu em seu rosto meio molhado, e a garota resolveu pegar uma blusa de frio, indo em direção a saída do corredor. 
  La, encontrou Diego sentado no sofá de olhos fechados, talvez dormindo. e Trevor em pé próximo as escadas. 
  - Onde esteve? - Disse ela - Sumiu depois da avaliação. 
  - Fui dar uma volta - Foi a unica coisa que respondeu. 
  Samira não iria prolongar essa conversa, pois já sabia que não levaria a lugar nenhum. 
  Se jogou no sofá, acordando Diego, que deu um pulo de susto. Ela sorriu satisfeita com a ação. 
  Poucos segundos antes do sinal do inicio da aula bater, Lukas apareceu. Diego e Trevor já tinham ido para a aula e Samira era a unica que esperava por ali.
   - Onde esteve? - Disse ela - Esta atrasado.
  - Eu sei - Disse ele - Desculpa, vamos.
***
  O período de aula foi o mesmo de sempre. Dianna passou uma hora dando aulas teóricas sobre a central dos alquimistas, um assunto novo, mas não despertava a curiosidade de  muitos. Depois, as outras duas horas foram de analises, onde Dianna mostrou vários tipos de duelos entre alquimistas e mostrava aos alunos o que faziam de certo e errado. 
  Samira nunca tinha visto nenhum dos duelistas antes, mas eram muito bons. 
  Por fim, os videos acabaram e eles foram liberados uns dez minutos mais cedo para a hora do intervalo. 
  Como sempre, os quatro se encontraram no refeitório e mantinham as conversas regulares. "Como foi a aula?'', ''Difíceis?'', ''O que vão fazer hoje?'', e assim iam as perguntas. 
  Ao acabarem de comer, começaram a dar uma volta pela academia enquanto o sinal não soava. Passando pela biblioteca, Samira viu Agatha pregar novos panfletos de missões.
  - Ei - Disse ela - Que tal pegar uma missão?
  - To dentro - Disse Diego quase de imediato.
  - Não estou em meu melhor estado, mas por tanto que seja algo fácil, estou dentro também. - Disse Lukas
  - Por mim, tudo bem - Concordou Trevor.

  Do lado de dentro da biblioteca, tudo parecia estar como antes de eles arrumarem. Era desanimador, mas nada podiam fazer. Foram direto para o mural. 
  Agatha sorriu para eles e deu espaço para que pudessem escolher o que fazer.
  Como sempre, muitas missões de reconhecimento, mas havia duas missões interessantes.
  - Uma é perto, mas da pouca recompensa - Disse Samira - A outra é muito longe, mas a recompensa é bem generosa.
  - Eu voto na melhor recompensa - Disse Diego.
  - Concordo - disse Trevor - Dividir entre nos por igual, seria perda de tempo fazer a com menor recompensa. 
  Lukas tirou o panfleto das mãos de Samira e abanou para o balcão.
  - Cássia-Senpai (1), estamos pegando essa missão.
  - Certo - Respondeu a mulher, novamente sem olhar para eles. Apenas anotando em um uma agenda.
  Eles seguiram em direção a saída. Ao atravessarem a porta, deram de frente com Syndeli.
  - Olhem por onde andam pirralhos - Disse ela.
  - Gomem (2) - Disse Samira.
  - Hã? - Disse ela olhando para as mãos de Lukas - Já pegaram outra missão.
  Ela então sorrio.
  - Qual a graça? - Perguntou Lukas.
  - Não sei se são corajosos ou idiotas. - Respondeu ela. - Acabaram de sair de uma avaliação quase suicida e já estão indo para uma missão. Dá para sentir daqui a falta de energia de vocês. Não iriam durar muito. 
  - O que quer dizer? - Perguntou Samira.
  - Nada - Disse ela já se distanciando - Sugiro que descansem mais um pouco, dois, três dias se necessário antes de saírem para uma missão. Precisam repor as energias. 
  Intrigados, os quatros resolvem seguir o conselho da professora, mantem o panfleto guardado com Agatha e voltam para suas salas, para mais um dia, ou melhor, dois ou três dias comuns de aulas.

  Lukas passou todo os tempo livre destes três dias lendo. Aquele livro era fantástico, tudo o que ele precisava para se tornar melhor estava ali. Logo no começo do tal livro, viu que ele não era o volume um da coleção, e jurou ir atras dos outros volumes depois que terminasse de ler aquele.
  Com o tempo que não passava lendo, ficavam preso em sua mente, e muitas vezes via-se perdido olhando para seu braço direito. As duas faixas pretas que enrolavam em seu braço pareciam se mexer conforme ele olhava.
  - Vamos? - Disse Samira.
  - Vamos não é - Respondeu ele - Seu eu soubesse que não teria descanso, tinha ficado em casa.
  - Eu iria te puxar pra cá de qualquer jeito - Admitiu ela - Agora vamos.
  Lukas se levantou do sofá e junto de Samira desceu as escadas da academia e foi em direção a porta. Trevor e Diego já estavam lá. Dianna estava no portão esperando por eles. Segurando a mesma caderneta de sempre.
  - Boa sorte meninos - Disse ela - O táxi já esta esperando. Voltem bem.
  E, dando meia volta, entrou na academia.
  - Coitada - Disse Samira - Deve ser horrível para ela ver a gente indo, sem saber se vamos voltar a pé, ou dentro de caixões.
  Todos olharam para ela.
  - Seus comentários sempre ajudando - Disse Diego.
  - Foda-se, vamos - Queixou-se Lukas.
  Entraram no táxi e saíram para a missão.
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(1) - Tratamento com pessoas mais velhas e de cargos superiores (professor como exemplo)
(2) - Desculpa.

domingo, 5 de outubro de 2014

Ressonância 62º

Capitulo Sessenta e Dois

Silêncio

  - Cuidado - Gritou Emilly.
  Uma cauda gigante se chocou com o solo próximo a eles. Da borda, surgiu um par de asas draconiano, com metade do tamanho da cauda. Duas patas gigantes surgiram e enterraram suas garras na terra da plataforma. 
  - Não estou gostando disso - Disse Samira assustada.
  A primeira coisa que surgiu da escuridão alem da cauda, das asas e das grandes patas, foi um par de chifres, dois chifres médios que curvavam para trás. Eles se uniam ligando a um focinho negro e molhado. Os olhos da criatura demonstrava morte, buracos opacos sem nenhum ar de vida neles. Só se podia ver uma parte dele, mas era enorme.
  - O-o que é isso? - Gaguejou Samira.
  A criatura abriu a boca e um som ensurdecedor saiu. O chão começou a tremer com tamanha força do rugido. 
  Com as garras presas na terra, ele subiu. Só tinha as patas dianteiras, o resto do corpo era alongado e terminava com uma comprida a comprida cauda. Como uma cobra com duas patas, asas e dentes enormes.
  A única coisa bonita nele era a cor. Uma mistura de verde escuro e verde claro que refletia sobre a luz artificial que simulava um sol. 
  - Um dragão - Disse Diego animado. 
  - O diretor odeia mesmo vocês - Disse Laura.
  Com a cauda, o tal dragão mirou no maior grupo presente. Lukas, Diego, Sarah e Aidan estavam perfeitamente na mira do ataque. Todos eles correram, mas o impacto da cauda com o chão fez eles caírem. Lukas sentiu todo o corpo queimar ao raspar com a superfície da plataforma. Seu corpo não estava nem perto de se recuperar das flechadas.
  O dragão deu outro rugido e tentou esmagar Trevor e Samira que estavam próximos. Os dois se salvaram com mais facilidade que o outro grupo e se armaram.
  Max fixou os olhos na grama ao redor do monstro e fez as folhas queimarem. O fogo começou a subir e alcançava todo o corpo do monstro, mas não parecia ter efeito nenhum.
  O dragão se voltou para o maior grupo novamente. Não estava para brincadeiras, e Lukas e Sarah ainda estavam no chão. Ele queria se levantar, mas a dor das flechas só estava piorando, e se mexer não facilitava as coisas. A criatura deu dois passos e já estavam bem a frente deles.
  Os tiros vieram da direita. Samira atacava freneticamente o animal com suas colts, mas também não trazia efeito nenhum nele.
  - Como que mata isso? - Gritou Aidan.
  O dragão não deu muita atenção e continuou atento ao maior grupo. Sua pata se ergueu e pretendia esmagar todos. E Lukas não se mexia.
  A pata veio. Lukas tentava, mas a dor se tornou insuportável. Esta piorando. Pensou ele. Está pior que antes. O animal se mexia e Lukas próximo de ser esmagado. Fechou os olhos. Sentiu a falta do chão segundos depois. Abriu os olhos. Emilly havia tirado-o de lá e estava a uns cinco metros da grande pata.
  - Você pode voar com isso? - Perguntou ele apontando para as botas.
  Ela negou.
  - Só posso me manter mais tempo no ar.
  - Consegue me levar ali? - Perguntou Lukas apontando para uma plataforma um pouco acima deles.
  Emilly não respondeu, apenas segurou nos braços de Lukas e deu um salto. A mesma falta de chão fez o estomago de Lukas revirar. E em dois segundos, eles estavam na outra plataforma.
  - Agora fica mais fácil de atacar. - Disse Lukas esperançoso.
  - Boa sorte - Disse Emilly sorrindo e descendo.
  Aqui não tem erro. Não errarei duas vezes. 
  Pegou seu arco. O tal dragão se movia, mas estava na mira perfeita. Deu a ultima respirada antes de atirar. Vou acabar com isso, e logo terei contas a acertar com o diretor. Uma coisa por vez.
   - RAJAD VENTORUM (1) - Gritou ele.
  O circulo magico apareceu quase que de imediato apos a flecha desaparecer em cima do inimigo. Uma gota de animo percorreu o corpo de Lukas, mas desapareceu com a mesma facilidade que surgiu. As flechas criadas pelo circulo, de vez atacarem a criatura, voaram para o céu, atacando o vazio.
  - Lukas - Gritou Max - Você tem que parar de tentar fazer isso.
  Não funcionou. Espantou-se Lukas. Por que?
  
  Aidan enterrou as mãos no chão, fechou os olhos e tentou ignorar os barulhos externos. Concentrou-se o máximo que pode e sentir a terra tremer. Pedras brotaram do chão, de diversos tamanhos e formas, raízes começaram a surgir e se entrelaçar nas pedras.  Pouco a poucos, as pedras começaram a ser erguidas e serem empilhadas pelas raízes, que por sua vez se ajeitavam entre as rochas. Um pouco tempo, Aidan tinha criado um gigante de pedra.
  - Mate aquilo - Ordenou o garoto á criação.
  Demorando um pouco para responder as comandos, o gigante se chocou contra o dragão e começou a empurra-lo para o abismo que tinha embaixo das plataformas. O inimigo fincou suas garras na terra e empurrava o adversário e assim nenhum dos dois saia do lugar.
  - Aguente firme - Gritou Aidan.
  Alguma coisa pequena comparada aos dois começou a subir pelas costas do gigante em uma velocidade impressionante. Trevor aproveitava as fendas nas pedras e tomava impulso com a foice para continuar subindo. Assim, pulou do gigante para o dragão e continuou rumo a cabeça da criatura.
  O dragão, percebendo que estava sendo escalado, tentou golpear Trevor com o rabo. Um tornado foi arremessado, chocando-se com o rabo da criatura. As mãos de Sarah brilhava intensamente enquanto ela tentava manter o ataque. Samira estava do outro lado, correndo e atirando na cabeça do dragão tentando atrapalha-lo.
  Trevor continuou subindo e escalando. Quando chegou na cabeça do bicho, enterrou a foice bem no olho esquerdo da criatura. Uma pequena quantidade de sangue preto escorreu pelo ferimento, e o dragão pareceu se incomodar com aquilo.
***
  - Isso já esta passando dos limites, não acha? - Disse Dianna.
  - Cale-se - Disse o diretor - Isso é apenas o começo da avaliação. 
  - Acabe com isso agora. - Ordenou Samantha.
  A vice-diretora estava totalmente irada, se não fosse pelo cargo que John tivesse, com certeza ele não estaria mais ali, nem em nenhum outro lugar na terra, não naquele plano. 
  - Pode abaixar essa voz comigo. - Disse John - Eu ainda não mostrei o meu trunfo.
  Antes que qualquer uma das duas pudesse perguntar, ele apertou um botão.
***
  O dragão enlouqueceu. 
  De uma hora para outra, ele sacudiu a cabeça, fazendo com que Trevor se desequilibrasse. A cauda se mexia freneticamente, e foi em direção a Sarah. Diego se jogou na garota e a derrubou, fazendo com que a cauda passasse bem embaixo deles. 
  Em um surto de fúria, Diego se levantou e correu em direção as patas do animal. No ultimo segundo, pegou a espada e desferiu um golpe cortando o que seria o tendão da pata direita do inimigo. Sangue negro jorrou e o Dragão perdeu o equilíbrio. 
  Aproveitando a oportunidade, Samira usou suas setas e ajudou para derrubar a criatura. 
  Em dois segundos contados, o dragão foi derrubado. 
  Trevor aproveitando a brecha dada pelo dragão, pegou todo o impulso que pode com os pés, saltou e com a força que lhe restava, fez um corte entre os olhos da criatura.  Mais sangue negro jorrou, e dessa vez, todos viram.
  - Não é um dragão - Disse Trevor - É um Oni criado pelo diretor.
  Ninguém gostava do diretor, mas ele estava começando a criar inimigos, dez inimigos para ser mais exato.
  Em um piscar de olhos o Oni/Dragão voltou a se mexer. E todos se prepararam para atacar novamente. Mas até eles sabia, a energia estava se esgotando.

  Lukas continuou la em cima. Não tinha como descer sem se jogar, mas nem ele sobreviveria de uma queda daquela. Tinha que pensar em uma forma de acabar com aquilo. 
  A porta é a saída. Quem passar pela porta leva o time a vitoria. O dragão não vai deixar nosso time passar, então só sobra o time deles. Mas quem esta com a chave? Jessie. Onde esta Jessie?
  Ele olhou de um lado para o outro, mas não a viu. 
  O Dragão voltou a agir, levantando-se e tentando acertar todo mundo. Emilly  apareceu no ar e deu um chute na cara do animal. O impacto foi suficiente para retarda-lo, mas não para-lo.
  Lukas avistou um pequeno movimento na parte mais distante da luta. Jessie estava abaixada tentando passar pelo rabo do Oni e tentar chegar na porta. 
  Quando finalmente viu a oportunidade, ela correu para a porta. Mas na mesma hora, o Oni a viu e tentou golpeá-la com a pata.
  O golpe quase a acertou, fazendo Jessie agradecer pelo dom que tinha. Mas agora, o dragão sabia onde ela estava e continuar ali não era uma boa ideia. Usou sua habilidade novamente, e foi jogada para a esquerda. O Oni jogou seu rabo contra a garota, que conseguiu desviar.
  Lukas viu ela olhar para Emilly e apertar a chave com a mão. Ela não vai fazer isso. Pensou ele.
  - Emilly - Gritou Jessie - Pega!
  Com toda a força que tinha, Jessie jogou a chave para a amiga. Emilly olhou assustada e correu para pegar o objeto. Lukas sabia que ela não pegaria, aquilo não iria deixar. Mais rápido que o próprio vento, Lukas mirou na chave. Com a ajuda da nova técnica que aprendera com os livros, podia ver a chave muito bem.
  - Trevor - Gritou Lukas, e atirou.
  A flecha percorreu o campo onde todos batalhavam, e como previsto, a flecha acertou a chave, mudando o percurso dela.
  Trevor, que estava próximo ao rosto do Oni, deu um salto e pegou a chave no ar. Ao cair no chão, deu um mortal para frente, correndo logo em seguida para a porta.
  A pata do Oni apareceu acertando-o em cheio, e mandando-o para o outro lado da plataforma.

  Laura voltou para uma outra plataforma que estava ali perto, sabia que não podia ajudar na batalha, então decidiu que não iria atrapalhar também. Mas aquele Oni a intrigava bastante. Era familiar. Onde eu o conheço?
  Ela viu Trevor ser mandado longe. Viu todos os esforços que os amigos faziam.
  Assim a lembrança veio. Se mudar a cor e o tamanho, e trocar por asas um pouco maiores, se torna o mesmo dos treinamentos avançados.
  - Trevor, Diego - Gritou ela - A asa e os chifres , cortem as asas e o chifre.
  Diego concordou.
  - Eu te ajudo - Disse Samira.
  Com um movimento rápido, criou uma seta apontada para cima e Diego foi arremessado para o alto. Com a espada na frente, ele cortava o vento, até finalmente chegar nas asas. Segurando com as duas mãos, Diego enterrou a lamina na asa esquerda do Oni. Por consequência do peso, a espada desceu alguns centímetros, rasgando a pele que compunha a asa.
  O rugido de dor veio em seguida. O Oni começou a sacudir de um lado para o outro tentando se soltar de Diego. Enquanto isso, Trevor se recuperou e seguiu a dedução de Laura. Aproveitou a oportunidade dada pelo Diego e tomou impulso com a foice. Usando o mesmo método de antes. Trevor começou a escalar pelo gigante, que agora parecia mais um monte de pedras, e pulou para o dragão. Quando aterrissou na criatura, viu Sarah no seu campo de visão. E sem dizer nada, atirou a chave para ela.
***
  - Isso passou totalmente dos limites - Gritou Samantha da cabine - Deu a eles um Oni que não podem vencer. 
  - Oras - Disse o Diretor - Aprecie a luta.
  Samantha perdeu a paciência.
  - CHEGA - Gritou o mais alto que pode.
  Com um rápido gesto, Samantha movimentou seu braço da direita para a esquerda, causando problemas a maquina.
***
  Sarah correu com a chave na mãos, não olhou para trás, não viu se precisavam de ajuda. Era só colocar a porcaria da chave na fechadura e tudo acabava. 
  Sentiu um impacto próximo as suas costas, e o tremor fez ela desequilibrar. Não posso cair. Fique firme.
  Esticou o braço e se aproximava cada vez mais da fechadura, e quando estava preste a coloca-la,

tudo sumiu, as plataformas, o Oni, a porta e a chave, sumiram. Só restaram eles, os dez, todos espalhados, e os outros alquimistas assistindo a tudo aquilo. Com exceção de Trevor, que permaneceu onde estava olhando para a escadas, todos sentaram no chão, e Lukas já deitou de cansaço, e poderia dormir ali mesmo.
  Samantha descia a escada em passos pesados, mas quando chegou nos últimos, manteve a postura e a calma. Quando chegou próxima aos alquimistas, ela deu um sorriso fraco.
  - Estão bem? - Disse ela, mas logo prosseguiu sem ouvir uma resposta, alto, para que todos pudessem ouvir. - A avaliação foi cancelada, voltem todos para seus afazeres. 
  Ela olhou para os que sentaram.
  - E vocês, vão descansar. 
  Lukas fechou os olhos e tentou ignorar a dor que não passaram, começou a imaginar vairas coisas legais para distrai-lo, mas nada parecia dar certo. Então sentiu um dedo pequeno na sua testa, descendo ate o seu queixo. Abriu os olhos e viu a pequena garotinha da enfermaria.
  - Eu vi o que você fez - Disse ela - Tem que tomar cuidado.
  - Pode deixar - Disse Lukas sorrindo.
  A garotinha continuou, passou o dedo do pescoço até o umbigo de Lukas, depois seguiu da perna direita e depois a esquerda, finalizando com os braços. A dor começou a passar quase que imediato. Ele se sentou.
  - Obrigado.
  A garotinha apenas sorriu e foi em direção aos outros para ajudar. 
  Quando notou Samantha já não estava mais la, e o diretor descia as escadas. 
  - Muito bem alquimistas - Disse ele com um sorriso forçado - Como viram, a garota levou a chave até a fechadura. Por consequência, o time dela ganhou, o que significa que os calou...
  - Espera ai - Disse Diego - A avaliação foi cancelada.
  - Não me interrompa - Gritou o diretor - E como já havia dito, haverá uma punição.
  - E qual seria? - Disse Laura. 
  O diretor sorriu para ela.
***
  - Limpar a biblioteca - Disse Samira indignada - Essa é a punição? Tenha santa paciência. 
  - Pensa pelo lado positivo - Disse Laura - Poderia ser a academia inteira.
  Diego parecia mais brincar com os livros do que arruma-los. E Lukas estava ocupado demais dentro de sua própria mente que nem deu ouvidos a Samira.
  - É estranho - disse Samira para Laura - Lukas deveria estar feliz por estar rodeado de livros. 
  - Melhor não mexer com ele agora, deixe ele resolver os problemas dele com ele mesmo.
  - Você deve ter razão. - Respondeu Samira.
  Diego empilhou vários montes de livros, separados por cor. 
  - Isso é um tédio - Disse ele - Trevor, venha ajudar seu folgado. 
  - Ele não está - Disse Laura sem olhar para ele. - Saiu a poucos minutos.
  - E deixou a gente arrumando sozinho aqui? - Gritou Diego.
  - Fique quieto - Disse Samira - Estamos em uma biblioteca garoto.
  Diego foi até a ala em que Trevor estava arrumando.
  - Ele não deve nem ter terminado a parte... - E parou - dele.
  Quando olhou, viu que todos os livros estavam em perfeita ordem. Todos arrumados em seus tamanhos e colocados alfabeticamente no lugar. Nenhum desalinhamento. 
  - COMO FOI QUE ELE FEZ ISSO - Gritou Diego.
  Um livro voou e foi parar na cabeça de Diego.
  - Já mandei ficar quieto - Disse Samira. 
***
  Ele estava em frente  ao cemitério. Ao contrario de alguns dias atras, tudo parecia estar normal, algumas lapides ainda destruídas, mas boa parte da estrutura estava de volta ao seu lugar.
  Chegando a entrada, viu o senhor que tinha lhe emprestado o guarda-chuva. O senhor estava do mesmo jeito, igual da outra vez.
  Junto á ele, estava uma mulher um tanto chamativa. Usava um vestido negro, parecia muito um vestido antigo, mas caia muito bem na tal dama. Apesar do chapéu negro lhe dando a sombra que precisava, usava uma pequena sombrinha.
  Trevor não iria interromper, então seria breve. Devolver  o guarda chuva e ir embora.
  - A garoto - Disse o Senhor - Vejo que trouxe o guarda-chuva. Venha cá. Quero que conheça uma pessoa.
  Trevor não estava a vontade ali. Não com aquela mulher.
  - Garoto, esta é a Sra. Brown. Uma jovem adorável, cujo marido esta enterrado aqui.
  A mulher olhou bem fundo nos olhos de Trevor. E foi ai que ele teve certeza que algo tinha naquela mulher, algo que não lhe agradava. Ela apenas abaixou a cabeça em sinal de cumprimento.
  - Agradeço o elogio - Sua voz era leve, carregada pela brisa - Sinto em dizer que tenho que ir. Obrigada pela companhia.
  O senhor corou. E a mulher se retirou.
  Trevor aproveitou a oportunidade. Deixou o guarda-chuva em um parede e deu meia volta, saindo do cemitério. Mantendo-se em silencio desde o momento que chegou.

  A mulher entrou em sua limousine. Um carro comprido, com estofados de couro, tão negros quanto o vestido. Dentro não havia nada alem de uma luz no centro. Do banco do motorista, um jovem rapaz espiou pelo vidro que separava os dois indivíduos ali dentro.
  - Algo a incomoda? - Perguntou o motorista.
  - Não - Respondeu ela tranquilamente.
  Eles estão agindo. Preciso contatar o mestre sobre isso.
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(1) - Rajada dos ventos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Aviso Importante!

Caros leitores, por motivos de tempo, haverá uma mudança nos dias de lançamento dos capítulos. O capitulo nº 61 será postado como de costume, ou seja, hoje (17/08), após isso, ficaremos um mês sem postar aqui, mas continuaremos escrevendo. O motivo para isso, como já dito, é o tempo, com um més sem postagem, iremos escrever os capítulos com mais tranquilidade e ficaremos adiantados. 
  Voltaremos a postar quarta feira (17/09), e a partir de então, os capítulos serão postados de quarta em quarta e não mais de domingo em domingo. 
  Obrigado pela compreensão. - By Matheus M.

É pois é, escrever não é nada fácil néh? Precisa-se de tempo... u_u 
O motivo dessa pausa de postagem também é para fazermos capítulos mais emocionantes, detalhados e divertidos, assim como para desenhar alguma cena que acontecerá nos próximos capítulos. Tenham paciência por favor, adoramos o publico ( no caso vocês :D ) que acompanham essa historia, da qual um dia se tornará um livro ( assim espero ^_^)
Obrigado por acompanhar, até a próxima!
Abraços! \o/ - By Tiago Galiza.

domingo, 17 de agosto de 2014

Ressonância 61º

Capitulo Sessenta e Um

Avaliação Anual - Parte Final

  Lukas poderia ter se levantado e ido procurar os outros objetos. Mas resolveu ficar lá, caído no chão. Todos os seus membros ainda doíam por causa das flechas que ele mesmo tinha lançado. Olhando para um céu sem estrelas, refletia sobre tudo o que já tinha acontecido com ele desde aquele dia, quando invocou Kaze pela primeira vez. 
  Deitado lá, imaginava o que todos os outros alquimistas estariam pensando, estariam rindo dele? Sentindo dó? Isso não importa agora.
  Um borrão preto passou por cima de Lukas. Virando a cabeça para o lado, viu Trevor chocar contra uma das arvores e cair de joelhos. Lukas virou a cabeça para o outro lado e viu Max parado, tranquilo na outra plataforma. 
  Trevor se levantou sem nenhuma dificuldade, se posicionando.
  - Achei que fosse mais forte - Disse Max - Tem certeza que foi você que criou toda aquela estratégia pra vencer a gente?
  Pare com isso Max. Pensou Lukas. não o provoque.
  - Pare de me provocar - Avisou Trevor.
  Ele avançou e passou por cima de Lukas novamente e atacou Max. 
  Eles sequer sabem que estou aqui?
  Trevor ameaçou atacar com a lamina da foice, na tentativa de enganar Max e atacar com o cabo bem nas costelas do adversário.
  Max conseguiu sorrir enquanto desviava da lamina e logo depois se abaixar, fazendo com que o cabo passasse a milímetros de sua cabeça. E para provocar ainda mais, empurrou Trevor e se manteve firme, com a coluna ereta e uma expressão de superior.
  Trevor avançou novamente, dessa vez com a lamina da foice para baixo, tentando outra estratégia. Quando se aproximou, Max ergueu a mão, uma onde de calor foi criada e atingiu o peito de Trevor. A camisa começou a queimar, mas nada além disso. 
  O ataque foi tão forte quer Trevor foi jogado para trás. Max sorriu enquanto esperava o adversário se levantar. 
  Trevor chacoalhou a cabeça ao se levantar.
  - Eu disse para você não me provocar Max - Disse ele.
  A pressão no ar mudou, Lukas conseguia sentir. Trevor segurava a foice com mais força que o comum, que até suas mãos tremiam. Ele deu um grito. Não era um grito de dor, nem de alegria. Um grito diferente.
  Max recuou um passo, já não ria mais. Estava com um olhar confuso, tentando prever o que Trevor faria, mas até mesmo ele sabia.
  - Ele disse pra não provoca-lo - Disse Lukas ainda no chão - Agora você vai se arrepender.
  - O que quer dizer? - Perguntou Max.
  Quando olha para o Trevor, ele esta sorrindo, com um olhar vidrado em Max, e Lukas conhecia muito bem. Já tinha visto antes.
  Em um salto, Trevor já estava do lado de Max. O garoto não escondeu o olhar de espanto ao ver tal velocidade. O ataque veio, Max virou-se e a lamina passou a centímetros de seu rosto. O garoto deu um passo para trás, e o segundo ataque veio.
  Max se abaixou no instante que a lamina iria corta-lo ao meio. Trevor não parava de sorrir, ou melhor, gargalhar. Outro ataque, e outro, cada vez mais rápido e difícil de desviar.
  Cansado, Max aproveitou a pausa entre um ataque e outro e tentou empurrar Trevor para trás. Alguma coisa luminosa saiu de suas mãos acertando Trevor em cheio.
  - Essa é nova - Disse Max - Eu nem sabia que podia fazer isso.
 Foi um pouco mais forte do que ele imaginava, e Trevor foi jogado a cinco metros de distancia, quase chegando na outra borda da plataforma. Se levantou de uma forma estranha. Como se não tivesse nenhum osso no corpo. Sua risada ecoou por toda a arena.
  - Eu estou cansado disso - Sua voz saia em meio a risada - Eu vou acabar com você agora.
  Então Trevor correu, seu corpo parecia ser feito apenas de ossos enquanto ele corria em zigue-zague em direção a Max.
  Com tamanha velocidade, Max não conseguia acompanhar. Trevor se movimentava de uma forma que nem dava para acreditar que ele continuava firme em pé. E sua frenética risada continuava.
  - Trevor - Tentou dizer Lukas - Não é...
  Quando Max se deu conta, Trevor estava atrás dele. A lamina erguida, desceu na diagonal cortando Max do ombro esquerdo ate a o outro lado da cintura.
  A lamina atravessou o corpo do garoto e fincou no chão. O corpo ao invés de cair em dois pedaços com deveria acontecer, se desfez em uma fumaça prateada. 
  - Interessante, ele sumiu - Disse Trevor.
  - Então você vai achar ainda mais interessante isso - Gritou Max do alto. 
  O garoto concentrou a maior quantidade de energia que lhe restou e atirou em Trevor, a mesma luz, porem mais forte, atingiu o adversário, que não teve nada além de suas roupas chamuscadas. 
  O ataque não parecer dar muito dano físico, mas trouxe Trevor de volta a si. 
  Max venceu dois sozinho. Pensou Lukas após assistir aquela batalha toda. Quanto poder esse garoto ainda tem?
  Max se apoiou em uma arvore próxima para respirar. Trevor sentou-se no chão, batendo em suas roupa para tirar a sujeira. E aquilo permaneceu no silencio. Nenhum dirigiu a palavra ao outro. Lukas olhou para os dois e não conseguia entender. 
  Até a voz do diretor ecoar pela arena
***
  As duas corriam por uma plataforma. Sarah tinha um pouco mais de dificuldade, já que sua vestimenta não ajudava muito. Usava um vestido azul escuro com botões pretos como detalhes. Preso em seu cabelo estava um rosa feita de plástico, objeto que encontrou em um altar. Ela mesma não sabia o que significava aquilo, mas se sentia orgulhosa por ter achado um objeto. 
  Emilly mantinha-se no mesmo ritmo que a aliada. Ao contrario de Sarah, ela não usava o vestido, apenas o uniforme. Segurava um relógio de bolso, também um objeto que encontrou em um altar, porem achava que estava quebrado, já que não mostrava a hora certa, e o único ponteiro girava em sentido anti-horário. 
  Com dois objetos, elas procuravam os outros para saberem se já tinham todos requisitos para sair dali. 
  ATENÇÃO! UMA REGRA FOI MUDADA NA AVALIAÇÃO. OS GRUPOS FORMADOS NO COMEÇO DESTE, ESTÃO AGORA SUSPENSOS. É CADA UM POR SI DE AGORA EM DIANTE, POREM A REGRA DOS OBJETOS CONTINUA. PEGUEM CINCO OBJETOS E ACHEM A SAÍDA. BOA SORTE. 
  No instante que as duas ouviram as palavras do diretor, tudo mudou. 
  O que antes uma corria com a outra, se tornou uma corria contra a outra. Emilly e Sarah se atacaram.
  Sarah girou os braços e uma corrente forte de ar foi em direção a Emilly. Ela por sua vez, ativou suas botas e saltou, passando por cima da aliada, agora adversária, Pousou suavemente no chão e deu um giro para acertar a barriga de Sarah. Conseguindo manipular o vento no momento certo, a garota conseguiu derrubar Emilly e tentou pressiona-la ao chão. 
  Emilly aproveitou a oportunidade e deu uma rasteira em Sarah, fazendo-a cair também. Se levantou com velocidade e tentou afundar o calcanhar na barriga de Sarah.
  Rápida como era, usufruiu novamente dos ventos para empurrar a si mesma a esquerda, se livrando da dor que sentiria se levasse aquele ataque.
  Emilly estava perdendo a paciência. Tentaria uma ultima coisa antes de usar o plano B. Correndo em direção a Sarah, ela deu um salto e esticou a perna direita, tentando fazer uma voadora, porem, como não tinha pratica com isso, saiu algo parecido. Sarah conseguiu desviar com muita facilidade e jogou outra rajada de vento em Emilly, e dessa vez acertou.
  Emilly caiu no chão alguns metros de onde estava. Irada, não teve duvida. Iria usar o plano B.
  - Gravity Boots - Disse ela - Level Two, Activate.(1)
  As botas da garota mudaram de forma. Agora cada uma delas tinha um aro negro próximo aos pés e uma faixa prateada se formou ao termino da bota. 
  Emilly sorriu.
  - Vamos ver agora.
***
  Samira já estava cansada. Por mais que suas setas fossem poderosas, Jessie conseguia ser mais rápida. Laura estava lá, e não iria fugir, não agora. Tinha fugido duas vezes aquela avaliação, mas agora iria ajudar se necessário.
  O mapa em sua mãos mostrava a localização de outros objetos, e tinha um bem perto de onde estava. Mas se corresse, Jessie iria atrás, e Samira não conseguiria impedi-la.
  A movimentista reparou que Jessie tirou os olhos dela e olhou para Laura. A garota soube o que a adversária iria fazer. Em um segundo, Jessie já estava na  metade do caminho. 
  - Laura - Gritou Samira.
  A garota usou suas setas para bloquear o caminho de Jessie, tarde demais. As setas de Samira não eram tão rápidas e elas se formaram após a passagem de Jessie. Mirando mais para frente, Samira criou uma seta no sentido oposto que Jessie ia para para-la. Mas Jessie viu, e mudou o curso de seu corpo, fazendo-o dar a volta pela seta e indo de encontro com Laura pela esquerda. 
  - Segure-se - Disse Samira.
  A garota criou uma seta aos pés de Laura, jogando-a para próximo de si. 
  - Laura, se afaste - Disse Samira - Vamos acabar com isso.
  Samira colocou as mãos em seu cabelo preso e tirou os dois hashis. Quando se transformaram em colts, algo no olhar de Samira mudou. Continuava aquela carinha de uma criança feliz, porem os olhos, os olhos eram de uma atiradora, uma atiradora que não estava de brincadeira. 
  A chuva de tiros começou. Samira atirava incansavelmente em direção a Jessie. Ela sabia que seus tiros não eram balas normais, já tinha testemunhado isso, então sabia que não poderia ferir gravemente a amiga.
  Os tiros iam, e Jessie desviava deles com toda a leveza que tinha em ser mulher. A habilidade de Samira permitia que ela movesse as coisa, mas a habilidade de Jessie podia fazer a única fraqueza dos ataques de longa distancia, movimentar a si mesmo em uma velocidade incrível. 
  - Seus ataques são incríveis - Disse Jessie - Movimentar qualquer coisa assim, a partir do nada. Muito legal. Mas minha experiência em combate, todos esses tempos de treino me fazem mais forte. não pode me acertar. - Jessie sorriu para Samira - Né, Samira-Chan(2)
  Samira respirou fundo. Sabia que Jessie tinha razão. Ela não queria estar ali, mas não tinha opção, nem volta. Tinha que lutar. Alguém pare essa luta. Pensou ela.
***
  Não havia encontrado ninguém e nem nada. Diego se achava o mais azarado. Devo ser o único que não achou ninguém. Droga. Quero me divertir. 
  - Finalmente achei alguém - Disse Aidan aparecendo bem na frente de Diego.
  Diego não sabia quem era o cara, mas era alguém, e isso era o que importava.
  - Agora começa a diversão - disse Diego animado - Preparado pra perder?
  - Claro - Respondeu Aidan - Mas creio eu que você vai perder primeiro.
  Diego ativou sua espada. E com ela partiu para a luta.
  Quando se aproximou de Aidan, pedras criaram vida e se colocaram entre os dois, a espada bateu e ricocheteou para trás, levando Diego ao chão. Aidan riu.
  - Que tipo de espadachim é você? - Disse Aidan - Caindo desse jeito.
  Diego se levantou rapidamente e tentou atacar Aidan novamente.
  As pedras responderam ao garoto e defenderam.
  Todos os ataques que Diego desferia, tinha que parar na metade do caminho se não a espada se chocaria contra as rochas e o resultado seria o chão.
  Sempre tentava mudar a tática, mas Aidan se livrava de qualquer armadilha que Diego tentava fazer.
  - Você é hilário cara - Ria Aidan - Serio. Como quer ser um espadachim desse jeito.
  Diego estava se cansando de tanto falatório.
  Querendo acabar com aquela chatice toda, Aidan fez as pedras voltarem para debaixo da terra. Aproveitou que Diego era lerdo demais e tocou o chão com as mãos. A terra começou a se erguer, formando uma espécie de minhoca gigante.
  Diego ficou em posição ofensiva, na tentativa de cortar aquela coisa.
  A minhoca feita de terra atacou, Diego tentou cortar, mas a terra se abriu quando a lamina passou e depois se fechou sozinha.
  Sem perder tempo, a minhoca se jogou contra o garoto e voltou ao estado de terra e acabou enterrando o Diego.
  - Acho que exagerei - Disse Aidan preocupado e foi ate o monte de terra para ajudar Diego.
  Quando estava chegando, Diego saiu sozinho e inteiro de lá, indo novamente para cima dele.
  Aidan criou as pedras novamente, mas dessa vez Diego foi mais rápido e deu uma curva para acertar as costas do adversário. Aidan se espantou, mas não perdeu a concentração, forçou a pedra a se curvar. Eficiente, porem lento. A espada de Diego batei na ponta da pedra e o lado cego da espada acertou as costa de Aidan.
  O garoto olhou para Diego e viu um olhar de ódio e de alegria, como se estivesse feliz por batalhar e nervoso pelos deboches de Aidan.
  Não deixando tempo, Diego atacou três vezes Aidan. O primeiro foi com a base da espada que acertou duas cabeça. A segunda iria acertar o corpo, mas Aidan defendeu com as pedras. A terceira, Diego colocou toda a forca que restara para dar um golpe com a parte cega da espada.
  Aidan criou a rocha para defende-lo. O choque da lamina com o minério tremeu o chão e o inacreditável aconteceu. A pedra se partiu ao meio e o ataque acertou o lado de Aidan, que caiu no chão e deu um grito de dor.
  Diego estava cansado e estava esperando sua cabeça parar de girar.
  Alguns minutos depois, ele se aproxima de Aidan e lhe estica a mão ajudando-o a se levantar.
  - Foi uma bela luta - Disse Diego - Não esperava ganhar de você.
  - E eu não esperava perder para um calouro - Respondeu Aidan - E agora, como esta nas regras, meu objeto é seu.
  Diego negou com a cabeça.
  - Você não tem nenhum objeto - Disse ele - Não me deixaria ganhar com tanta facilidade se tivesse um.
  Aidan sorriu, mostrando que fora descoberto. No mesmo instante ele ficou serio. Refletiu sobre algumas coisas rápidas e uma ideia veio na sua cabeça.
  - Vamos encontrar os outros - Disse Aidan - Essa avaliação acaba aqui e agora.
   E dando meia volta, passou por uma arvore e foi, com Diego atrás dele.
  
***
  Ficaram os três ali parados. Max, Trevor e Lukas. 
  Lukas tentava conversar com Max ou Trevor, mas as respostas dos dois eram muito diretas, ''sim'', ''não'', ''talvez''. Era só isso que falavam. Mas ele tinha entendido. Os dois haviam parado. Sabiam que aquilo era perda de tempo. Mas não vai demorar muito para que o diretor resolva fazer algo para nos colocar de volta nessa maluquice. 
  - Lukas-kun (3) - Gritou uma voz bem familiar e calorosa em meio as arvores.
  Samira apareceu de trás de uma pequena arvores com um sorriso no rosto. Logo atras apareceram Diego, Aidan, Laura e por ultimo Jessie, que parecia estar procurando alguém. 
  Lukas fez a maior força que pode para se sentar. 
  - O que vocês todos estão fazendo aqui? - Perguntou ele.
  Samira explicou para ele tudo o que havia ocorrido, desde o encontro com Jessie, até o encontro com Diego.
  - Esses dois ai devem estar no mesmo barco de vocês. - Disse Lukas apontando para Trevor e Max. - Depois que batalharam, ficaram ai.
  - Temos que encontrar as outras duas que faltam - Disse Aidan.
  - Elas devem estar próximas de algum dos altares, podemos procurar por la primeiro. - Disse Laura. 
  Max deu um salto de onde estava.
  - Certo - Disse ele se espreguiçando - Mostre-nos o caminho Laura.
  Trevor se levantou pouco depois e caminhou ao lado dos outros. Todos haviam desistido daquela avaliação. Mas o diretor não.
***
  - Isso é um absurdo - Gritou o Diretor - Um motim. Quem eles pensam que são. Eu fiz essa avaliação para ter lutar e módulos de treinamento, não para eles se juntarem e ficarem de papo.
  - Eles estão fazendo o certo - disse Samantha - Eles não devem batalhar entre si. Devem se unir para enfrentar um inimigo em comum, mesmo que se odeiem.
  - Não venha com esse discurso pão com ovo - Disse o diretor - Eles querem mudar as regras, então vamos mudar as regras. 
***
  - E como funciona esse negocio de pontos? - Perguntou Samira. 
  - A quantidade de objetos equivalem os pontos - Disse Aidan - Samira e Laura tem seus objetos, um mapa e uma bússola. Jessie também tem um objeto, uma chave. Assim fica dois a um pro time de vocês.
  - Então ganhamos? - disse Diego animado
  - Ainda falta Emilly e Sarah. - Disse Jessie - Não cantem vitória antes do tempo.
  Lukas olhou de um lado para o outro. 
  - Estranho - disse ele.
  - O que? - Perguntou Diego.
  - Estamos todos juntos, ou quase. Paramos com a avaliação. Não estão achando que o diretor esta quieto demais com relação a isso?
  Antes que qualquer um pudesse responder, barulhos foram ouvidos por todos a alguns metros de onde estavam..
  Eles correram o máximo que seus corpos podiam. Depois de batalhas duras, eles estavam exausto demais.
  Atravessando alguns arbusto eles se depararam com Emilly e Sarah lutando uma contra a outra.
  Jessie foi o que mais pareceu surpresa. Ela sabia que Emilly não gostava muito de Sarah, mas nunca pensou que brigaria com ela.
  - Samira - Disse Max - Separe as duas.
  Samira demorou para perceber que Max estava falando com ela, mas entendeu o recado. Esperou ate o momento que as duas estivessem próximas e uma de frente para a outra.
  Depois de varias rajadas de vento aqui, e ataques com botas ali, as duas estavam exatamente onde queria. As setas se formaram e cada uma foi jogada para um lado.
  - O que deu em vocês duas? - Perguntou Aidan.
  - Estamos na avaliação - Respondeu Sarah em meio ao cansaço.
  - O diretor mudou a regra, não ouviram? - Disse Emilly - Espere. Por que todo mundo esta aqui?
  - A avaliação terminou para nos - Disse Aidan - Chega com essa luta sem sentido, vamos achar a saída e vamos todos embora.
  - Otimo - Sussurrou Sarah.
  Emilly olhou para Jessie, que se aproximava para ajuda-la a levantar.
  - Vocês conseguiram alguma coisa? - Perguntou Jessie
  As duas concordaram e mostraram tanto a rosa, como o relógio.
  - Três a dois - zoou Aidan olhando para Diego - Ganhamos.
  - O que? - Diego não consegui acreditar.
  - Laura - Perguntou Trevor - Onde fica a saída?
  Todos tinham se esquecido de Trevor e Laura deu um pulo de susto.
  - A sim - Respondeu ela - Segundo o mapa é aqui do lado. Parabéns meninas, vocês encontraram a porta para sair daqui.
  De onde estavam dava para ver a proxima plataforma. Parecia pintada de vermelho, mas eram rosas, rosas de verdade. Um campo cheio de flores. E no centro havia uma porta de madeira com muros de pedra.
  - Chegamos - Disse Laura - Vamos.
  Antes que pudesse ir, Trevor a parou.
  ATENÇÃO. MUDANÇA DE REGRAS. VENCE AQUELE QUE CONSEGUIR CHEGAR ATE A PORTA.
  - O que ele quer dizer com isso? - Perguntou Diego.
  O chão começou a tremer e todos começaram a desequilibrar. Do fundo do abismo, algo começou a se mexer.
  - O que é aquilo? - Perguntou Max.
***
  - Você esta louco? - Gritou Samantha - São só aprendizes. Não pode fazer isso.
  - Veja e aprenda minha cara.  - Disse o diretor sorrindo - É isso que acontece com quem não faz o que eu mando.
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(1) - Botas da gravidade, Nível Dois. Ativar.
(2) - Para demonstrar informalidade, confiança, afinidade ou segurança com a outra pessoa.
(3) - Quando existe alguma intimidade, sendo geralmente utilizado para nomes masculinos.

domingo, 3 de agosto de 2014

Ressonância 60º

Capitulo Sessenta

Avaliação Anual - Parte 4

  Lukas já perdia as forças. O mormaço que saia das mãos de Max estavam começando a incomodar. Max segurou o arco de Lukas e com um tranco, tirou de sua mão. A arma, ao perder o contato com as mão de Lukas, voltou a forma de anel.
  Max olhou o objeto e o jogou para trás. O anel caiu próximo a borda, e Lukas suspirou aliviado por não ter caído da plataforma.
  - Vamos Lukas - Disse Max - Desista.
  Lukas negou. Não tinha nenhum plano em mente, já que seu arco se fora, mas não iria jogar a toalha. Ele precisava de tempo. Olhou de um lado para o outro e viu outra plataforma próxima. Em um salto, Lukas se equilibrou novamente em pé, e correu o máximo que pode para pular. Antes que pudesse tirar os pés do chão, foi barrado por Max que apareceu na sua frente.
  - Serio Lukas - Disse Max - Desista.
  Lukas deu alguns passos para trás, quando tocou em uma parede. Olhou esperando encontrar uma ruína ou algo do tipo, mas nada viu. Assim que tocou novamente, letras surgiram na área do toque. Ele colocou as runas. Não estava blefando. Pensou Lukas.
  As runas distraíram Lukas, que não percebeu a aproximação de Max. O chute acertou o braço direito do espiritualista, que caiu no chão. Pode-se ouvir um splash quando Lukas bateu na água. Ficou sentado e encarou Max, que ficou parado e serio, como se estivesse em transe.
  Quando foi se levantar, ao apoiar na terra lamacenta na margem do pequeno lago, lembrou de um detalhe. Fiquei pensando em todas as coisas que ele falou. Sobre suas habilidades, que esqueci das minhas.
  Lukas se levantou com um sorriso no rosto.
  - Você não pode prever este futuro - Disse Lukas esticando o braço na direção de Max
  Por um momento, Max pareceu confuso, mas logo voltou a seriedade.
  - Mundo subaquático, eu lhe invoco. - Lukas pareceu se animar com a expressão de Max - MIZU (1)
  A água do pequeno lago estourou e flutuou até estar entra Lukas e Max. Tomou forma e a pequena garotinha apareceu, exatamente com na ultima vez.
  - Mizu - Disse Lukas - Impeça seus movimentos.
  A garotinha, de vez obedecer, virou-se para ele. Estava irritada, dava para perceber.
  - Ai ai - Disse ela - Inacreditável. Ele não consegue lutar por conta própria e me chama.
  - Como é que é? - Disse Lukas desacreditando no que ouvira.
  - Você devia parar de nos chamar e ser mais espertos na hora de lutar - Gritava Mizu revoltada - Onde já se viu, eu no meio do meu lindo sono, sou acordada aqui e, onde exatamente é aqui?
  - Para de reclamar - Disse Lukas - Eu te chamei pra me ajudar a parar ele, larga de frescura e faça algo.
  Ela virou-se para Max e cruzou os braços.
  - Cara folgado - Sussurrou ela.
  - O que? - Gritou Lukas, mas logo se acalmou - Bem, se você não faz, quer dizer que não consegue.
  Mizu virou o rosto para ele. Um olhar irado estampado nos olhos dela. Psicologia inversa. Pensou Lukas. Sempre funciona.
  O que restou da água do pequeno lago foi erguido com os poderes de Mizu. Ela criou pequenas esferas de água e começou a bombardear Max. Os ataques eram um pouco mais lentos que de Kaze, mas Mizu parecia ter uma mira um pouco melhor, já que Max começou a ter dificuldades em desviar deles.
  Primeiro um ataque próximo a cabeça do garoto. Mizu parecia querer afoga-lo com suas munições. Dois esferas, Max conseguiu se proteger com as mãos, mas aquilo começou a machucar, e então resolveu desviar.
  Logo que Mizu percebeu a mudança de postura de Max, começou a atacar seus pés, para tentar derruba-lo.
  Max era rápido e estava se saindo bem. Então Mizu resolveu mudar os ataques. Ela criou uma bolha de água e prendeu Max dentro dela.
  Com o ataque bem sucedido, a pequena garota apenas sorriu, mas mudou de expressão ao ver vapor saindo da água. As mãos de Max estavam vermelhas novamente. Bolhas de vapor se formavam e saim da esfera de água.
  - Essa luta não vai levar a lugar nenhum. - Disse Mizu - Estou voltando. Me chame quando for fazer algo realmente importante.
  Num piscar de olhos, Mizu se desfez em água e desapareceu. A bolha que prendia Max também se desapareceu e o garoto estava torcendo a camisa molhada.
  - Um espírito novo - disse ele - Essa nem mesmo eu previ. Bem, hora de acabar com isso.
  Quando voltou seus olhos para Lukas, viu o garoto passar em uma velocidade incrível ao seu lado. Sem tempo para reagir, apenas virou e seguiu com os olhos o percurso que o adversário fazia.
  Lukas se jogou no chão e pegou seu anel de volto. Ao tocar os dedos do garoto, voltou a ser o arco. Se levantou e com a flecha mirou em Max.
  - Você sabe que não vai me causar dano. Uma dor temporária, mas vou continuar capacitado a batalhar.
  Lukas não perdeu a concentração. Fechou os olhos por alguns instantes e pensou no que lera a algum tempo.
  Quando abriu os olhos, um pequeno circulo do poder apareceu em seu olho direito.
  A capacidade de enxergar aumentou. Lukas podia ver ate a mais minúscula das formigas em um raio de cinquenta metros. Errar um alvo era impossível.
***
  - O que ele esta fazendo? - Perguntou o diretor impaciente.
  - Ele esta testando as novas habilidades que possui - Disse Samantha.
  - Aqui não é lugar para se testar habilidades. Ele vai matar o Max.
  - Como se você se importasse - Retrucou Samantha - E não se preocupe. O que ele esta fazendo e vai fazer não vai matar ninguém. 
  - Isso é bom - Aliviou-se Dianna
  Samantha tinha fé. Mas sabia que a ideia de Lukas não ia dar certo.
***
  A flecha estava preparada e Lukas também. Max não tinha como fugir.
  - Isso acaba aqui - Disse Lukas.
  Deu mais uma respirada profunda. Tudo parecia perder o som. Era apenas ele e as batidas de seu coração.
  - Rajad Ventorum (2) - Disse Lukas.
  Ele atirou e a flecha foi em direção a Max, que por sua vez, colocou os braços em frente ao corpo para que as flechas acertem os membros e não causem tanta dor. Por entre os braços, ele viu a flecha se aproximar e desaparecer, como se nunca tivesse sido lançada.
  Tudo esta dando certo até agora. O ataque esta indo igual escrito no livro, só preciso de um tempo. Pensou Lukas. Mas foi ai que ele notou. Seu corpo gelou. Um espanto percorreu seu corpo. Esta funcionando. Max não pode defender isso. O que estou fazendo? Lukas, não pode ataca-lo com isso.
  Uma tremor percorreu o corpo de Lukas. Algo brilhou atrás dele. Quando se virou viu seu circulo mágico.
  - Hãm - Foi a única coisa que conseguiu dizer.
  O circulo brilhou e varias flechas se projetavam e atacam Lukas. Ele tentou se jogar para o lado, mas muitas das flechas acertaram seu corpo. A dor era insuportável, e o grito de dor pareceu ecoar por toda arena.
  Lukas caiu no chão imóvel. Seus olhos abertos piscavam, o que mostrava que estava vivo. Seu corpo estava vermelho, causada pelas flechas.
  Max correu até Lukas e se ajoelhou ao lado dele.
  - O que você fez consigo mesmo? - Perguntou ele.
  - Talvez não tenha dado certo - Respondeu Lukas sem mexer um músculo - Talvez eu não tenho feito direito. O que importa agora? Eu não tenho nenhum objeto Max, pode continuar.
  Max olhou para ele. Concordou com  a cabeça, se levantou e foi ate a borda da plataforma e pulou para a seguinte, desaparecendo.
***
  Depois de tanto correr, Laura optou por caminhar. O mapa passou de indecifrável para confuso. Depois de achar um ponto de referencia, ela parecia seguir o caminho certo para achar o próximo altar. Pular as plataformas começou a ficar fácil. Era só dar um impulso e pronto.
  Graças a sua habilidade, não precisou mais consultar o mapa depois de vê-lo duas vezes. Ela sabia que depois de pular mais três plataformas chegaria até outro altar. Agarrando-se a borda de uma outra plataforma um pouco mais acima da que estava, ela subiu sem nenhuma dificuldade.
  Era uma plataforma enorme, a maior que ela já tinha estado. Não conseguia enxergar o final por causa das grandes arvores.
  Adentrou na plataforma e foi abrindo caminho com as mãos. Era bem denso e as arvores impedia que muitos dos raios luminosos passassem. O ar estava fresco, perfeito para tirar um cochilo, como pensava ela.
  Um som nos arbustos chamou sua atenção, e antes que pudesse se virar por completo, algo se chocou com seu corpo e foram para o chão. Dois gritos femininos ecoaram por entre as arvores.
  - Laura-Chan (3) - Disse Samira cansada.
  - Ola Samira - Disse Laura - O que houve?
  Samira se levantou e ajudou Laura a se levantar. Samira parecia preocupada e olhava de um lado para o outro. Logo tirou do bolso um objeto circular feito de metal com escritos em dourado.
  - Encontrei isso logo depois que nos separamos - Disse ela - Estava em um outro altar. Mas Jessie me seguiu e começamos uma batalha. Consegui distrai-la e então fugi para cá.
  - Mas - Disse Laura - Como passou pelas runas?
  - Runas? - Samira demorou para lembrar das runas citadas pelo diretor - A sim, não tinha nenhuma. Acho que não deu tempo de fazer.
  Laura pensou no que poderia ter acontecido para não ativarem as runas
  - Vamos, acho que encontrei outro. - Disse ela.
  - Serio?  - Disse Samira surpresa - Vamos então, antes que Jessie nos alcance.
  Laura ficou seria.
  - Jessie estava seguindo você?
  - Eu te disse - respondeu Samira - Eu tentei despista-la, mas ela deve estar correndo atrás de mim.
  Então Laura arregalou os olhos.
  - O que foi Laura?
  - Não se pode despistar Jessie, Samira. Muito menos ganhar uma corrida com ela. A habilidade dela não permite isso.
  - Ola meninas - Disse a voz feminina atrás delas.
***
  - E agora eles tem dois objetos, e os veteranos nenhum. - Disse Samantha, provocando o diretor.
  Dava para notar o diretor apertando as mãos uma contra a outra.
  - Mas um deles não esta mais capacitado para lutar. Estão em desvantagem numérica.
  - Números não importam - Respondeu Samantha sabendo que ganharia aquela discussão - A qualidade sim. E é esse o objetivo que essa avaliação deveria seguir.
  O diretor ficou calado. Samantha,orgulhosa virou-se para Dianna e viu ela olhando para a arena. Parecia procurar alguém.
  - Quem esta procurando Dianna? - Perguntou ela.
  - Trevor - Respondeu a professora - Não o vejo desde o encontro com Max.
  - Ele deve estar bem. Agora veja, parece que mais dois meninos estão pare se encontrar.
  - E assim, mais um dos calouros perde - Debochou o diretor.
  Veremos. Pensou Samantha.
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(1) - Água
(2) - Rajada dos ventos.
(3) - Sufixo que demonstra informalidade, confiança, segurança, afinidade com outra pessoa.

domingo, 20 de julho de 2014

Ressonância 59º

Capitulo Cinquenta e Nove

Avaliação Anual - Parte 3

  - Estamos perdidos, não estamos? - Perguntou Lukas.
  - Este arbusto é familiar - disse Kaze.
  Desde que tudo virou pedaços de chão flutuantes, Lukas se perdeu de todos e sua única companhia era seu espírito. Pouco a pouco, gramas começaram a nascer nas plataformas e algumas continham até arbustos e arvores.
  - Desse jeito não vamos achar nada - Disse Lukas - Devemos estar andando em círculos.
  Um grito curto vindo de sua esquerda, chamou a atenção de Lukas. Com um pouco de impulso, ele pulou de uma plataforma para a outra. Olhou de um lado para o outro, mas não viu ninguém. Pulou para a próxima plataforma, mas nada viu. Mais uma vez pulou para outra plataforma, e olhando para baixo, viu em uma outra plataforma duas mãos agarradas na borda, tentando se segurar para não cair.
  - Temos que ajudar - Disse Lukas.
  Ele olhou para baixo e viu que a queda seria um problema.
  - Consegue me levar até lá embaixo? - Perguntou Lukas para Kaze.
  - Pule - Disse ela - Meus ventos amorteceram a queda.
  Lukas respirou fundo, correu para a borda e pulou. Primeiro a queda livre e Lukas pensou que Kaze havia se esquecido dele. Logo depois começou a perder velocidade, e aterrissou sentado. Kaze apareceu do lado dele, sorrindo.
  Lukas se levantou e foi ajudar quem quer que fosse. Quando chegou lá, viu Laura se esforçando para não cair.
  - Laura! - Disse ele já puxando a menina pelos braços.
  - Obrigada Lukas - Disse ela.
  - O que houve? - Perguntou ele.
  - Eu estava procurando os altares, quando vi Max. Eu fugi antes que ele pudesse me ver, comecei a olhar o mapa, e acabei não vendo por onde ia.
  - Mapa?
  - O objeto que estava naquele altar no começo da avaliação. Era um mapa. Não mostra onde estão todos os objetos, mas já esta ajudando muito.
  - Tínhamos um mapa - Disse Lukas sem acreditar.  - Tínhamos um mapa o tempo todo.
  Laura concordou.
  - Vamos ver isso então - Disse ele - Podemos terminar isso mais cedo do que imagina.
***
  Trevor se encontrava em uma das poucas plataformas da região. Era enorme e continha ruínas de alguma construção não identificada. Não havia encontrado nenhum objeto e esperava que Laura ainda estivesse com o dela. 
  Seu plano estava funcionando até mudarem o cenário. Não podia ver nem ouvir os outros, então não podia saber o que estava acontecendo com eles. Tudo  o que sabia sobre os três amigos, ele criava varias suposições em sua cabeça, sobre o que cada um faria. 
  Começou a rodear a ruína esperando encontrar outro altar, mas nada viu. 
  - Te achei - Disse uma voz atrás dele.
  Max acabara de subir na plataforma. Usava uma blusa regata branca e uma bermuda. Parecia mais que estava preparado para uma corrida.
  - Eu sabia que poderia te encontrar por aqui - Disse Trevor.
  Max que aproximou de Trevor, mantendo cada vez uma distancia menor entre eles.
  - Então você é o Trevor? - Perguntou retoricamente Max.
  Ele não respondeu, apenas observava. Ele reparou nas mãos de Max, brilhando em brasa.
  - O que você é capaz de fazer é curioso. - Disse Trevor - Fácil de entender, mas curioso. Estou começando a entender a ligação existente nele.
  Max não pareceu surpreso, muito menos expressou alguma reação ao comentário de Trevor.
  - Não estamos aqui para conversar Trevor. - Disse Max. - Prepare-se.
  Max sabia que Trevor tinha uma arma, tinha visto na visão. Uma foice. Cerrou os punhos de brasa e se preparou.
  Trevor apenas sorriu.
  - Lutar com você é perda de tempo. - Disse Trevor - Não vou lutar com você, não agora. Tenho outras coisa mais importantes para fazer. Mas me responda, qual sua habilidade?
  Max não responde de imediato.
  - Por que você quer saber? - Respondeu Max com outra pergunta.
  - Nada de mais - Respondeu ele - Apenas quis confirmar algo, mas parece que nem mesmo você sabe. Até.
  Trevor pegou em sua cruz, transformando-a em foice. Com um impulso ajudado pelo cabo da foice, deu um salto e passou por cima do muro. Desaparecendo do outro lado.
  - Droga - Queixou-se Max.
  Ele foi até a parede da ruína. Colocou a mão na superfície fria de pedra. O material começou a esquentar e em menos de segundos, a parede explodiu. Trevor já não estava mais lá.
  - Cadê ele? - Perguntou Max.
  Ele andou até chegar na borda da plataforma, pulou para a mais próxima e olhou ao redor, mas literalmente Trevor sumiu.
  Um silencio pairou sobre o ar, mas não por muito tempo. Vozes ecoaram pela direita, e Max sabia muito bem de quem era. Correu por aquela direção.
***
  - Tem certeza de que é por aqui? - Disse Laura. 
  - É o que o mapa ta dizendo. - Respondeu Lukas.
  Os dois estavam mais perdidos com o mapa do que antes. A uns segundos atrás, eles escutaram um barulho de explosão e decidiram fazer uma rota diferente, na esperança de passarem longe do que eles pensavam ser uma batalha entre dois deles.
  Agora um ajudava o outro a passar por plataformas e ler o mapa. Kaze permanecia no ao lado de Lukas, quieta. Ele não sentia sua energia se esgotar, o que fazia pensar se depois da ultima missão ficara mais forte.
  Chegaram em uma plataforma diferente das demais. Uma pequena lagoa, que mais parecia uma poça de água, se encontrava próximo a beirada da plataforma. Suas águas quase caiam para o além.
   - Oi Lukas - Disse a voz acima dele.
  Max estava sentado na borda de uma plataforma bem acima deles.
  - Só pode ser brincadeira - Disse Lukas.
  O vidente saltou e parou bem na frente deles.A cara dele era como se tentasse dizer ''Já sabe o que vai acontecer agora. E inevitável''
  - Laura continue - Disse Lukas - Achei os outros objetos.
  - Mas, Lukas - Começou Laura - Max prevê o futuro, atacar ele é impossível.
  - Não vou vence-lo - Sussurrou Lukas para Laura - Apenas atrasa-lo, sei que não posso vence-lo.
  Laura olhou para ele, mas logo abaixou a cabeça, concordou e correu, pulando para a próxima plataforma. Max acompanhou ela com o olhar, deixando a menina ir. 
  Kaze se colocou entre os dois. Lukas ativou seu arco. A mão de Max começou a brilhar. 
  - Manteve Kaze invocada por muito tempo Lukas - Disse Max - Isso te atrapalhara, já que é o espírito que tem o contrato.
  - Como é? - Disse Lukas confuso.
  Max investiu, correu em direção a Lukas e Kaze. Mais que depressa, o espírito criou uma rajada de vento para empurrar Max para trás. Ele por sua vez, desviou do ataque com grande facilidade. E continuou avançado em direção aos adversários. 
  Kaze virou-se para Lukas e o tocou, fazendo os dois sumirem no instante em que Max atacara. Apareceram um metro para frente, enquanto Max parava a alguns metros de distancia, quase caindo da plataforma.
  - Com ele prevendo o futuro, vai ser difícil ataca-lo - Disse Kaze.
  Prever o futuro. Pensou Lukas.
  O garoto sentiu a temperatura subir. Seus pés começaram a queimar. Olhou para baixo e viu a grama morta e alguns tufos queimando. Lukas pulou e saiu da área queimada, mas logo, a parte onde estava também começou a queimar.
  Lukas viu Max apontando para o chão onde ele estava. Tinha que agir. Por impulso, retirou uma flecha da aljava e atirou. Logo que soltou a corda do arco, percebeu o que estava fazendo, mas era tarde demais. A flecha acabou acertando bem no peito de Max. Lukas gelou.
  Max colocou a mão no peito e deu um breve grito de dor. Logo reparou que nenhum dano físico foi causado. 
  A flecha não machuca. Pensou Lukas. Causa a mesma dor, mas não cria o ferimento. A arma foi criada exclusivamente para matar Onis.
  - Esperto - Pensou Max - Nunca pensei que você atiraria em mim.
  Pensou. Concluiu Lukas novamente.
  - Tive uma ideia - Falou Lukas. - Feche portal dos ventos.
  - O que? - Gritou Kaze antes de desaparecer.
  Lukas preparou uma flecha e se concentrou. Max sorriu para ele e se preparou para o ataque.
  Antes que Lukas pudesse notar, Max já estava na sua frente com os dois punhos cerrados vindo para cima do garoto. Rápido. Pensou Lukas. 
  Só deu tempo do garoto colocar o arco na  frente para se defender. A mão em brasa entrou em contato com a madeira do arco, e por incrível que pareça, dessa vez não esquentou. 
  - Eu vejo - Disse Max provocando Lukas sobre sua habilidade.
  Nessa hora foi a vez de Lukas rir.
  - Não vê não. - Disse Lukas.
  Pela primeira vez naquela avaliação, Max ficou serio.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Ressonância 58º

Capitulo Cinquenta e Oito

Avaliação Anual - Parte 2

  Trevor sussurrou algo para Lukas e Samira no mesmo instante em que ele viu Sarah se movimentando. Ele não sabia exatamente o que ela podia fazer, e nem mesmo interessado estava, mas em um combate, por mais que fosse um treinamento, com alquimistas mais experientes poderia ser um problema para o resto de seu grupo atacar de frente.
  Apesar da arena escura, via-se um altar reluzente não muito longe de onde estavam. Uma pequena superfície redonda com quatro pilares contornando-a. No centro, algo se encontrava suspenso no ar. Alguma coisa cilíndrica, mas não podia ser identificado aquela distancia.
  - Você acha que isso vai dar certo? - Perguntou Lukas
  - Talvez - Respondeu Trevor.
  Antes que pudessem fazer qualquer movimento. Sarah atacou. No primeiro momento, Lukas pensou que ela estava tentando chamar alguma coisa da terra, mas logo sentiu como se todo o ar da arena estivesse sendo atraído pela garota. As mãos de Sarah balançavam, chamando todo o vento. Mas logo parou. Seus olhos vidrados nele e nos amigos. Ele ficou atento a qualquer movimento suspeito dela.
  - Se abaixem - Ordenou Trevor.
  Com um rápido movimento, Sarah lançou uma forte corrente de ar em direção ao grupo adversário. O vento tomou forma de um fino tornado que acelerou até os calouros. Como ordenado, os cinco se abaixaram no instante que o ataque iria atingi-los em cheio.
  A poeira se levantou e nada mais era nítido.
  O ataque foi bem calculado. Pensou Trevor. Mas ela não tinha a intenção de acertar.

  - Você fez uma bagunça - Disse Max - Não da pra ver nada.
  - O campo de visão deles foi alterado assim como o nosso. - Retrucou Sarah - Somos mais treinados que eles, podemos vence-los sem causar dano maior igual as outras vezes.
  Antes que qualquer um pudesse responder, algo ricocheteou no chão próximo aos pés de Sarah. A poeira abaixou e Jessie viu Samira com uma das colts na mão. Lukas estava ao seu lado, porem desarmado. Logo atrás estava Trevor, também desarmado. Diego estava um pouco mais atrás ajudando Laura a se levantar.
  - Vocês estão bem? - Gritou Samira.
  - Sim - Disse Jessie.
  Aidan voltou-se para Max.
  - Você não disse que ela ficava com um aspecto de assassina quando estivava as armas?
  - Ela não ativou elas ainda. - Respondeu Max.
  Max viu que Diego havia se armado com sua espada e se pôs ao lado de Trevor, deixando Laura atrás dele.
  - Esperto - Disse Max - Então era isso que você estava sussurrando para eles.
  - O que? - Quis saber Emilly.
  - Em um ataque frontal, teríamos a total vantagem por experiência. Trevor esta tentando nos vencer por inteligência. Por eu estar aqui isso não vai acontecer. Ele colocou Samira e Lukas na linha de frente para nos impedir de avançar. Tanto um como o outro contem armas de longo alcance, assim, poderiam atacar de longe e caso isso não funcione, Trevor e Diego estão logo atrás para tomar partido na batalha, protegendo a única que não é capaz de lutar. Laura. Temos apenas dois problemas com relação a eles. Se permanecermos juntos, a chance de perdermos aumenta, eles batalham em conjunto. Um aproveita a oportunidade do outro. Separa-los seria a primeira opções.
  - E o segundo problema? - Disse Aidan em posição de batalha esperando que os adversários avançassem.
  Porem os outros não avançavam, ficavam parados, como se escutassem algo. Alguém.
  - Samira e Jessie tem habilidades muito parecidas, se as duas se encontrarem em qualquer ponto, seria uma luta sem fim. Acabariam se cansando a toa, ou uma desistindo da outra. O mesmo vale para Sarah e Lukas. Como único espírito de Lukas é um espírito de vento, uma batalha entre eles também teria o mesmo fim das meninas.
  - E como é que você pense nessas coisas? - Perguntou Jessie.
  - Lógica - Respondeu ele.
  - Bom - Disse Sarah - Então é só separar todo mundo?
  Max concordou.
  Sarah de um passo a frente, deixando todo o grupo adversário em alerta.
  - Que tal deixarmos isso um pouco mais bagunçado. - Disse ela sorrindo.
  Ela começou  a dar giros lentos em torno de si mesma. Conforme fazia, o vento ao seu redor se tornava mais forte. E não demorou muito para que todos se sentissem sendo puxados por aquilo. Um a um eles foram lançados e balançados de um lado para o outro, e até mesmo os membros do próprio grupo foram atraídos pelo poder da menina.
  No mesmo minuto que ela formou aquela ventania toda, ela desfez. Com toda graça e delicadeza, ela colocou todo mundo no chão. Com exceção de Trevor e Laura, os três amigos caíram sentados, mas logo se ajeitaram e ficaram em pé novamente. E ai que tudo parecer dar errado.
  - Viram - Disse Sarah novamente - Está bem melhor assim.
  Todos haviam mudado de lugar. Mas especificamente, todos se embaralharam, era uma mistura dos dois grupos. Lukas estava de frente com Max e Aidan, Samira e Trevor de frente com Sarah, Laura de frente com Emilly e Diego de frente com Jessie.
  Sem muita demora, Lukas girou os anéis em seus dedos e sua arma foi ativada. Aidan pareceu animado com aquilo.
  - Não é só por que somos colegas de quarto que vou pegar leve - Disse Max.
  - Tirou as palavras da minha boca. - Retrucou Lukas.

  Uma verdadeira guerra começou. De um lado, Emilly ativara suas botas, que de prata se tornaram negras, e com rápidos movimentos, tentava acertar  Laura. Deu um passo adiante e tentou derruba-la com uma rasteira. Laura deu um pulo desajeitado, mas conseguiu escapar. Emilly deu um salto, um salto muito mais alto que o normal, e desceu com velocidade total, mas como da outra vez, Laura não teve dificuldades em defender. Mas até ela sabia que o máximo que poderia fazer era isso.
  Samira começou a atirar freneticamente contra Sarah, mas a garota criou uma parede de ar que impedia a passagem das balas. Quando teve a oportunidade, Sarah desfez a tal parede e atirou pequenas esferas de ar. Samira conseguiu enxergar pequenos movimentos no ar vindo e sua direção. Esticou as duas mãos para frente e criou duas setas no chão. Varias das esferas ricochetearam e voltaram para Sarah, que desviou do próprio ataque com muita facilidade. Contra atacando, Sarah esticou os braços e voltou a fecha-los. Duas esferas que ainda não tinham sido lançadas avançaram até Samira. Na esperança que as setas a protegeriam, Samira manteve-se firme no lugar. Porém, seguindo os movimentos das mãos de sua criadora, as esferas fizeram uma curva e atingiram Samira nas costas. A movimentista caiu no chão. Ela tentou se levantar mais algo a prendia no chão. Sarah apontava o dedo para ela.
  Tanto a mão direita, quanto a mão esquerda de Max estavam em brasa, parecia que ele tinha colocado a mão dentro de uma churrasqueira. Nas costas da mão de Max, havia um circulo do poder em chama, e o brilho era tão forte que não dava para ver o que continha aquele circulo. Aidan continuava parado apenas olhando para Lukas. O espiritualista não fazia a mínima do poder de Aidan, mas se descobrisse, que fosse da melhor maneira possível. Max correu em direção ao Lukas e tentou toca-lo com aquelas mãos que pareciam estar meio quentes. Lukas colocou o arco em frente ao corpo para se defender e Max segurou o arco também. Por algum motivo, o arco, que seria feito de madeira, não queimava com o toque de Max, mas esquentava e começou a queimar a mão de Lukas. Ele tentou não parecer sentir dor, mas aquilo estava doendo muito. Com um tranco, Lukas se soltou das mãos de Max e tomou distancia, começou a abanar e assoprar as mãos. Viu um vulto passando do seu lado, involuntariamente colocou o arco para se proteger, mas o impacto foi muito mais forte do que ele imaginava e acabou caindo. Virou-se e viu que Aidan estava parado próximo a ele. Lukas sabia que em uma batalha corpo a corpo ele não venceria nem mesmo um deles.
  Jessie ria e se divertia com os ataque, que para ela, era os mais desengonçados que ela já vira. Diego corria e atacava freneticamente, tentando acertar Jessie, mas ela se movimentava muito rápido, lançando a si mesma de um lado para o outro, e sempre que tinha a oportunidade, dava um tapa na cabeça dele. Diego estava começando a se estressar, literalmente ela estava brincando com ele. Ele desferiu um golpe nela de uma forma lenta propositalmente, Jessie usou sua habilidade e deu a volta o mais rápido que pode, e esticou o braço para mais um tapa, Diego virou o rosto para observa-la e mudou a posição das mãos para golpeá-la com o cabo da espada. E Jessie já esperava por isso. Ela abaixou no momento exato do golpe e deu uma rasteira em Diego, fazendo-o cair.
***
  - Quatro caíram e uma incapaz de lutar - Disse John - Que ridículo.
  Dianna observou as mãos de Samantha tremerem de tanto que as apertava uma contra as outras.
  - Você faz essa avaliação para testar os alunos ou para humilha-los na frente de todos? - Disse Dianna zangada.
  John virou-se para ela. Seu olhar era de ódio e prazer.
  - É aconselhável que você fique quieta. - Ameaçou John
  Samantha estava ficando irada com aquela situação. Mas ainda não podia fazer nada. Ainda.
  - Coloque o cenário John - Disse Samantha com os dente cerrados.
  - Você sempre querendo acabar com toda a diversão.
  John foi ate o mecanismo, mas antes de apertar qualquer botão, resolveu dar uma olhada na avaliação. Quando teve uma surpresa.
  - Mas o que?
***
  Samira esta presa no chão, Lukas e Diego foram derrubados e Laura não é capaz de fazer muita coisa além de defender, tudo acontecendo como eu havia previsto. Trevor caminhava por entre os outros, e nem mesmo era notado. Passou por Samira segundos antes de levar aquelas esferas nas costas, e por pouco uma não o acerta, passou por Lukas quando a mão dele queimava com o toque do arco, e viu os ataques mal planejados que Diego estava fazendo, e de longe viu Laura se defendendo de Emilly.
  Eu sabia que eles tentariam separa todo mundo, mas tenho que admitir que achei que eles demorariam mais tempo para fazer isso. Eles não são tão ruins quanto imaginava. 
  Depois que passou por eles, olhou para trás. Ninguém me notou, as vezes é bom isso.
  Vendo que ninguém havia mesmo notado ele, voltou-se para frente e continuou a andar. Alguns passos depois, ele chegou até o altar. Agora de perto, via-se tudo com mais detalhes. Um chão circular feito de pedras irregulares. Quatro pilares se erguiam em volta, cada um em tamanho diferentes, mas todos maiores que Trevor. No chão havia runas espalhada por toda a parte, algumas Trevor conhecia e outras não. No centro, suspenso no ar, estava um papel enrolado. Um mapa.
  ATENÇÃO COMPETIDORES, TREVOR DO GRUPO DOS CALOUROS ESTÁ NO ALTAR MAIS PRÓXIMO DE VOCÊS.
  Trevor não conseguiu evitar a cara de surpresa. E pela primeira vez queria matar aquele diretor. Olhou para trás e viu todos olhando para ele.
  - Impeçam-no - Gritou Max. 
  Emilly pegou impulso para ir até Trevor, mas antes que pudessem sequer tirar os pés do chão Laura segurou-se nela, impedindo que ela salta-se. 
  - Pega isso - Gritou ela.
  Trevor virou-se e esticou o braço, quando uma corrente de ar forte o jogou para trás, arremessando-o para próximo de todos. Ele se levantou já se armando com a foice. Sarah era a autora daquele ataque, já que era a única que podia fazer aquilo. 
  Todos estavam preparados para começar um novo ataque, quando um tremor no chão chamou a atenção de todos. Primeiro com uma simples vibração, depois com um tremor mais forte, depois começou a ficar difícil de permanecer em pé. O chão começou a rachar e um dos pilares do altar caiu. 
  - Alguém pegue aquilo - Gritou Diego em meio ao barulho do tremor.
  Samira descreveu um semi circulo com a mão na sua frente, e um conjunto de setas se formou apontando para a direção oposta do altar. Criando assim uma barreira para afasta qualquer um de lá.
  Tudo esta correndo como planejado. Pensou Trevor.
  Lukas, Laura e Sarah eram os únicos que estavam do lado de fora da barreira. Sarah não perdeu tempo e começou a correr em direção ao altar.
  O que antes era um tremor, acabou virando um terremoto e todo o chão se rachou por inteiro. Pouco a pouco, as partes do chãos começaram a se erguer, todos se seguraram com o que podiam.
  - Eu pego - Gritou Laura e saiu correndo atrás de Sarah.
  Enquanto avançava, grande pedaços do chãos começavam a subir, e as duas tinham que pular de um pedaço para o outro.
  - Sinto muito Laura - Disse Sarah - Mas esse objeto é nosso.
  Quando saltou de uma das plataformas de terra para outra, Sarah virou-se para trás, mirando em Laura.
  - Direct Vortex (1) - Disse ela.
  O circulo do poder surgiu das mãos de Sarah. Um tornado nasceu do tal circulo e foi em direção a Laura. Era tão grande que Laura sabia que não poderia desviar daquilo.
  - Vai sonhando - Disse Lukas sorrindo. - Mundos dos ventos, eu lhe invoco. KAZE.
  O circulo na mão de Lukas apareceu, mas Kaze apareceu na frente da Laura. Por um segundo, Lukas estranhou a aparência de Kaze, mas logo lembrou da mudança de contrato e voltou o foco para a batalha.
  Kaze deu um giro com os braços abertos, o poderosos tornado se dobrou, dando a curva por Laura e voltando para Sarah. Ela por sua vez, esfez o tornado com a mesma facilidade que o criou.
  - Kaze - Disse Lukas - Ajude Laura a chegar até aquele altar.
  - Hai (2) - Gritou o espírito.
  Laura voltou a correr, pulando de uma plataforma até a outra. Sarah mantinha o mesmo ritmo, mas sempre parando para atacar Laura, em vão, já que Kaze anulava seus ataques. Pouco a pouco a pouco, as duas foram chegando até o altar, que já se distanciava por estar em uma plataforma que subia. Por não perder nenhum segundo do ritmo, Laura acabou alcançando Sarah. Como os ataques já não funcionavam, Sarah desistiu de atacar e tentava correr mais rápido que Laura.
  As duas deram o salto ao mesmo tempo, esticaram o braço ao mesmo tempo.
  - Se segura - Disse Kaze para Laura.
  Kaze tocou no ombro da garota. A viagem através do vento era um meio de evitar ataques ou atravessar qualquer superfície por tanto que se saiba o que há do outro lado. Nesse caso, usado para tomar vantagem em uma corrida.
  Laura apareceu exatamente na frente do objeto, e só deu tempo de abraça-lo antes de ser movida novamente para a plataforma do lado.
  - Corra Laura - Gritou Trevor, que já estava próximo ao altar, bloqueando o caminho de Sarah.
  A garota concordou com a cabeça deu meia volta e partiu.
  E tudo começou a enlouquecer. As plataformas subiam e desciam, forçando todos os que estavam ali a pular de uma para o outro até achar uma plataforma que conseguissem se fixar.
  Todos já haviam se perdido de todos, ninguém mais via ninguém. Cada um estava sozinho.
***
  - E eles tem o mapa. - Disse Samantha.
  Seus olhar era de vitória. Não por seus alunos, já que ela não fazia diferença por eles, mas uma vitória contra o diretor, que nada mais queria uma derrota humilhante para o time dos calouros.
  - Um objeto - disse o diretor irritado - Ainda faltam quatro. Não comemore antes da hora Samantha. Ainda temos muitos surpresas guardadas.
  - Do que está falando? - Perguntou Dianna.
  Mas John apenas sorriu e voltou a mexer nas alavancas e botões. 
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(1) - Vórtex Direto.
(2) - Sim.